Apresentação

Oi, pessoal!


Nós somos professoras da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e estamos fazendo um curso,Melhor Gestão/Melhor Ensino, cujas aulas são presenciais e on line. Nosso objetivo maior foi criarmos um blog para postarmos nossas histórias com referência como adquirirmos o gosto pela leitura. Vocês verão que são histórias emocionantes e que todos nós passamos por provações antes de nos tornarmos verdadeiros leitores. O ambiente virtual está sendo um grande desafio para nós educadores, pois não temos muita prática nesses tipos de ambientes.

Fazemos um convite a todos para que visitem o Blog constantemente, pois temos grandes desafios para vocês: o de tornar mais e mais leitores críticos e conscientes e acompanhar nosso processo de evolução na criação do Blog.

Um beijo para vocês.

Roseli, Rosiani e Salete

domingo, 16 de junho de 2013

Sequência Didática com o texto: Pausa - Moacyr Scliar

         Esta sequência foi criada no encontro presencial do curso Melhor Gestão Melhor Ensino por Roseli Magro:
ØPúblico Alvo: Alunos do 9º ano
ØTempo previsto: 3 a 4 aulas
ØConteúdos e temas: leitura de texto do gênero Conto; levantamento das características estruturais do gênero, exposição oral sobre as produções dos textos na tipologia dissertativo-argumentativo.
ØCompetências e habilidades: conhecer e saber utilizar adequadamente o gênero conto; fazer uso das informações coletadas no texto, a fim de defender um ponto de vista, conhecer a estrutura do texto dissertativo-argumentativo; localizar informações implícitas e explícitas no texto.
ØEstratégias: aula interativa, trabalhos em grupos e rodas de leitura.
ØRecursos: livro didático, dicionário de Língua Portuguesa e internet.

ØAvaliação: Processual (durante as aulas) e produção de texto escrito.
1ª etapa: 
Fazer uma prévia antes da leitura;
2ª etapa:
 Leitura do texto pelo educador;
3ª etapa:
 Leitura silenciosa do texto pelo aluno.

 TEXTO: PAUSA 
Moacyr Scliar 
                    Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o
 banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, 
preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
                    - Vais sair de novo, Samuel? 
                    Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva, mas as 
sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma 
sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura. 
                   - Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
                   - Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
                   Ela olhou os sanduíches:
                    - Por que não vens almoçar?
                     - Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche. 
                    A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel 
pegou o chapéu: 
                    - Volto de noite.
                    As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem.
 Guiava vagarosamente: ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
 Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, 
caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. 
Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, 
acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente.
 Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
                   - Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente... 
                   - Estou com pressa, seu Raul! – atalhou Samuel.
                   - Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. – Estendeu a chave.
                  Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar,
 duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
                   - Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto. 
                  Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento
 pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia
d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um 
despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e
 examinou os lençóis com cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos,
 afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os
 dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos. 
                    Dormir.
                   Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis
 buzinando,os jornaleiros gritando, os sons longínquos. 
                   Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão
 carcomido.
                    Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um
 índio montando a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope.No planalto da testa, nas
 colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas
 e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos
 esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, 
molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois,
 silêncio.
                  Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a 
bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. 
                  Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
                  - Já vai, seu Isidoro?
                 - Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
                 - Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
                  - Não sei se virei – respondeu Samuel olhando pela porta; a noite caía.
                  - O senhor diz isto, mas volta sempre –observou o homem, rindo. 
                  Samuel saiu. 
                  Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os
 guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
 [De O Carnaval dos Animais. Porto Alegre, Ed.Movimento, 1969]
4ª etapa:
 Identificação do gênero:
  - características do texto;
  - veículo de comunicação;
  -  autor;
  - linguagem utilizada;
  - tipo de texto (narrativo, descritivo, dissertativo).
5ª etapa:
 Dividir a sala em grupos heterogêneos:
  - Cada grupo discutirá o texto abordado em sala.
  -  Produção escrita: texto dissertativo-argumentativo sobre a visão do aluno em relação ao perfil do personagem principal
6ª etapa: 
Após a produção coletiva, cada grupo apresentará o seu texto de forma interativa.

7ª etapa: 
Pesquisar uma letra de música que condiz com a argumentação apresentada por cada grupo.
Bibliografia
SCLIAR, Moacyr. “Pausa”. In BOSI. Alfredo (org.) O conto Brasileiro Contemporâneo. São Paulo: Cultrix, s/d. p 275-277.
 
  Leitura Complementar: O imaginário cotidiano. Moacyr Scliar. São Paulo: Global
ØAutores:
          Roseli Magro 

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